terça-feira, 24 de abril de 2012

Os quatro pilares da masculinidade


TEXTO CHAVE: Genesis 1:27
  
Quando Deus criou o mundo,ele criou o homem macho que lembra masculinidade.
Para muitos homens hoje em dia masculinidade é caracterizado por força, por ser viril, (enérgico), ser machão, ser o bambam, ser o cara, estilo Tom Cruise, e Brad Pit.
Mas para Deus, e para os homens cristãos os valores são outros.
Pois nos não somos moldados pelos valores do mundo, mas sim pelos valores da palavra de Deus

Os quatros pilares:
Existem 4 pontos na bussola
Existem 4 estações no ano
Existem 4 elementos no planeta: terra, vento, fogo e água.

Existem 4 pilares na vida de um homem,fundamentais para dar estrutura na sua vida. Pilar lembra sustentação.
Pilar - coluna que sustenta uma construção, arrimo, segurança, apoio.

São 4 pilares para qual cada homem deve marchar e buscar para sua vida se escolher ser um homem completo.
São eles:

1)    Rei
2)    Guerreiro
3)    Mentor
4)    Amigo

Esses pilares fornecem a força e a combinação para ser um homem abençoado e bem sucedido.

Combinando perfeitamente uns com os outros, eles refletem a luz dAquele a imagem de Quem foram criados.

A medida que estiverem equilibrados, a imagem é clara de um homem cujo coração de Deus. Um homem que é um imitador de cristo.I Cor 11:1.

Essa imagem é refletida, e todos os que estão ao seu redor prosperam.

A medida que o homem não busca esses pilares, e eles são violados e rebaixados, a imagem do homem fica distorcida e a conseqüência disso é a dor do que estão ao seu redor.

Gosto de chamar estas qualidades de os quatro pilares inabaláveis da masculinidade. Esses pilares são visíveis nas sagradas Escrituras de Deus quanto na história secular do homem(em outras palavras tantos divinos como humanos).
No homem, às vezes estão sem equilíbrio e distorcidos. Em Cristo, eles manifestam majestosamente no Homem supremo.
São características de Cristo que devem ser impressas na vida do homem, como impressão digital daquele que um dia nos formou. O marco indicador do artista, a assinatura de Deus na sua criação.

1º Rei- Gênesis 2:15, Salmo 8:4-8
O homem (Adão) é instruído ao lado da Nascente Gênesis a “ter domínio”.
Somos chamados a liderar e isso não é opcional, Deus descreve a liderança do Homem no lar como cabeça. II Cor 11:3
Essa posição fornece aos nossos lares liderança autoridade, ordem e direção. Marido da forma substantiva significa gerente que significa guiar e administrar.
Cabeça significa diretor, chefe, reitor, principal, primordial, cabeça lembra liderança e autoridade.
O Rei reina, eu e você temos que ter domínio em nossa família, fomos escolhidos para liderar, reinar no meio dos nossos.
Devemos exercer autoridade com humildade, mansidão sabedoria e firmeza, pedindo sempre a ajuda do Espírito Santo.
O Rei olha para frente protege, fornece ordem, misericórdia e justiça. Ele é autoridade, e líder.
Você como homem destinado por Deus a ter domínio sob seu jardim, a ter liderança, tem tido esse pilar na sua vida.
Tem fornecido sustentação, arrimo, segurança, através da sua liderança, e todos ao seu redor estão sendo beneficiados. Ou esta sendo ao contrario, esta pilastra esta desmoronando.
Deus te deu domínio, Deus te deu responsabilidades assim como para Adão.
Deus deu a Adão um jardim onde ele ia governar, onde iria trabalhar e guardar.
Jesus é nosso rei e como imitador dele temos que ser humildes,brandos.
Ter um reino significa ter responsabilidades.

2º Guerreiro- II Cor 11:23-27
O apostolo Paulo era um lutador um guerreiro, um homem que agitou não apenas o seu próprio mundo mas o mundo porvir. Paulo tinha personalidade feroz, ele era um comunicador poderoso.
Ele possuía um Espírito absolutamente ausente de medo, com vontade forte
Um homem que luta pelos seus ideais, que mesmo na guerra, machucado continua se arrastando para defender seus objetivos.
Você como servo de Deus é um guerreiro no exército de Cristo, que luta para alcançar a vida eterna, que defende o evangelho que luta pela sua família.
Guerreiro combate contra o pecado, as tentações carnais, a imoralidade.

3º Mentor- Provérbios 9:9
Aquele que ensina, ele modela, explica e treina. Ele discípula – primeiro sua esposa e seus filhos e depois outros.
O 1º ensinamento vem de nós Pais não dos professores da igreja.
Temos que pedir ao Senhor sabedoria para que possamos ensinar a outros aquilo que sabemos.
Servir com nosso conhecimento. Jesus ensinava as pessoas. Marcos 1:22.

4º Amigo- Eclesiastes 4:9-10
Nós somos atraídos a Deus pelo seu amor, ele insiste que o ponto mais alto de toda escritura centraliza-se em amá-lo e amar uns aos outros.
O amigo num home é um ser compromissado e um cumpridor de promessas.
Um homem precisa de amigos, o ser humano tem necessidade de se relacionar, hoje vivemos num mundo muito individualista onde as pessoas se isolam, vivem em solidão. Ao contrario da palavra que diz que temos que vivermos em comunhão e que temos que nos doar aos outros ao contrario do individualismo.
Homens de verdade apóiam uns aos outros, precisam uns dos outros, não é porque somos homens não que podemos compartilhar as nossas emoções com os amigos, isso não torna menos homem menos másculo.
Muitos homens tem dificuldade de compartilhar a amizade por falso conceito de masculinidade e orgulho que nos impede de compartilhar nossos sentimentos.
O próprio Jesus tinha amigos.João 11:11.

Shalom

terça-feira, 17 de abril de 2012

A PARÁBOLA DO BOM SAMARITANO



No livro de Lucas capítulo 10:25 - 37 , encontramos a parábola do Bom Samaritano. Uma parábola que nos faz parar e refletir a respeito de como temos entendido as Sagradas escrituras, e esta parábola está sendo contada diretamente a um doutor das Escrituras (Torah), alguém que a estudou, conheceu e a domina bem, porém talvez seja alguém que não a experimentou, não a viveu de maneira intensa, ficando somente a superfície , raso demais para desfrutar da profundeza que são as escrituras.
Jesus começa a revelar uma questão (resumo) sobre os 10 mandamentos que antes não se houvia falar ( do 1º ao 4º mandamento estão todos relacionados diretamente a D'us, do 5º ao 10º ao próximo. Ex 20) e a declaração deste doutor mostra claramente que era alguém que estava observando o Mestre, pois já usava das palavras e do entendimento que Ele havia trazido. O ponto mais importante que vejo aqui nesta parábola está no seu último versículo " Vai e faze a mesma coisa" Usa de misericórdia. Misericórdia está relacionado a obras. Está contida no tripé da base do evangelho, Jesus revela claramente em mt 23:23 sobre este tripé ( justiça, misericórdia e fé). Estas obras nos irão declarar o quanto estamos amando ao Senhor nosso D'us e o quanto estamos amando ao nosso próximo, cumprindo assim o que nos foi ensinado. desenvolvendo a nossa salvação como disse Paulo o apóstolo.

Faço aqui uma declaração do que pude ver com meus próprios olhos: Neste último sábado tive a oportunidade de começar um projeto com os homens comprometidos dentro do "Bom Samaritano" Comunidade terapêutica de nossa igreja, onde a cada 15 dias teremos um encontro com estes homens que lá estão precisando de um bom samaritano. Quero aqui escrever sobre o que ví:
1º- Amor
2º- Compaixão
3º- Cuidado de feridas
4º- Alegria
5º- Disposição financeira
6º- Coragem
7º- Carinho
Entre outras coisas que se fosse escrever precisaria de muito tempo. Confesso que a sensação que tive era de estar na casa do meu pai.

Obrigado ao Pastor Fabrício Valadares que entendeu esta parábola e trouxe este entendimento para nossa igreja, ao Pastor villar, um homem de muitos valores que tem assumido a direção deste lugar de misericórdia , sua esposa Tereza, Rose , Jorge, Ana Flávia, Carlos, Lívia Márcia e Marido, outros irmãos que tem amado esta obra e vivido este mandamento com intensidade e o meu amigo Valdemir e Vanderleia amados do Senhor Jesus.

Obrigado
Homens Comprometidos

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Resenha do Livro "O Impostor que Vive em Mim "

por Milton L. Torres

MANNING, Brennan. O impostor que vive em mim. 2. ed. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.

O livro de Manning é permeado daquele tipo prático de espiritualidade que nos torna mais humanos ao mesmo tempo em que nos aproxima de Deus. A obra parece, de fato, emanar da penosa experiência vivida pelo autor, quando superou o grave problema do alcoolismo para se dedicar à obra pastoral. A franqueza sobre os próprios fracassos e dissabores na vida nos impressiona. No entanto, ela também nos sinaliza de que mesmo as falhas podem conduzir à vitória espiritual.
O capítulo 1, “Saia do esconderijo” (p. 17-34) começa com a história do peru arrancado a Ruller (no conto “The Turkey”, de Flannery O’Connor). Segundo Manning (p. 19-20), “é como se nosso Deus fosse aquele que providencia perus com benevolência e os tira por simples capricho”. No entanto, um Deus assim é feito à imagem do homem. Dessa forma, nossas projeções de Deus se tornam um tipo de idolatria. O remédio para essa tendência é contrastar nossas projeções com a revelação de Jesus. Por isso, Manning fala da tristeza de Deus (1) pelo medo que temos dele (embora a queda não o impeça de nos amar), da vida e de nós mesmos; (2) pelo ódio que temos de nós mesmos; (3) porque tentamos nos esconder e, com o tempo, passamos “a acreditar que temos, de fato, a mesma aparência das máscaras que usamos” (p. 23); (4) porque não reconhecemos nossa insignificância, pois “o moralismo da igreja e a pressão para alcançar o sucesso transformam peregrinos cheios de expectativa a caminho da Nova Jerusalém numa trupe desanimada de Hamlets deprimidos” (p. 25-26); (5) porque rejeitamos a nós mesmos, o que se torna “o maior inimigo da vida espiritual porque contradiz a voz sagrada que nos chama de ‘amados’” (p. 26); (6) e porque duvidamos de seu amor. Segundo o autor, “Jesus removeu a mortalha do perfeccionismo” (p. 28) e, por essa razão, podemos abraçar a vulnerabilidade.
O capítulo 2, “O impostor” (p. 35-52), nos apresenta o perfil do impostor: (1) seu fraco é a aceitação e a aprovação; (2) perde o contato com os próprios sentimentos (co-dependência); (3) é aquilo que faz; (4) é mentiroso (tem uma fachada de papelão); (4) se preocupa com o próprio peso (“apesar de a saúde ser um fator válido e importante, a quantidade de energia e tempo dedicada a adquirir e manter um corpo esbelto é absurda”, p. 39); (5) exige atenção (“cada um vive à sombra de uma pessoa ilusória... a dedicação ao culto dessa sombra é o que se chama de ‘vida de pecado’” (p. 40); (6) faz acepção de pessoas; (7) não consegue ter intimidade, pois “seu narcisismo exclui os outros” (p. 44). Daí, a citação de Santo Agostinho: “amar a Deus até esquecer de si ou amar-se até esquecer e negar a Deus” (p. 41). Manning trata, então, das causas da impostura: (1) memórias reprimidas da infância; (2) covardia; (3) resistência interna à oração, pois “a oração é a morte de toda identidade que não procede de Deus” (p. 47); e (4) padrão de comportamento punitivo inconsciente (hostilidade).
O capítulo 3, “O amado” (p. 53-66), discute, a princípio, a questão da espiritualidade. Com base em suas leituras, Manning chega à conclusão de que (1) a espiritualidade não é uma esfera da vida, mas um modo de viver (cf. William L. H. Moon); (2) seu estágio mais elevado é o ser comum (cf. Thomas Merton); (3) é prejudicada pela falsa humildade (cf. John Eagan); (4) depende de nossa definição como “amados de Deus” (cf. John Eagan); (5) não comporta grandiloqüência (Mike Yaconelli); e (6) exige tempo a sós com Deus. A segunda parte do capítulo desenvolve, com mais detalhes, a definição do cristão como “amado de Deus”, especialmente com base em Is 43:1, 4 e 54:10. Na avaliação do próprio Manning, este capítulo parece ser o que tem provocado mais reações nas pessoas, tornando-se a principal razão por que o livro alcançou êxito e reputação.
O capítulo 4, “Filho de Deus” (p. 67-86), discute o sentimento de filiação para com Deus, descrevendo-o como (1) a ipsissima vox (expressão original e autêntica) de Jesus; (2) um convite e convocação de Jesus (Jo 1:12; Rm 8:14-16; 1 Jo 3:1); (3) fonte de ternura (que “nasce da segurança de saber que alguém gosta de nós de forma completa e sincera”, p. 70) no vínculo do Espírito Santo (Rm 5:5); (4) fonte de perdão (Lc 6:35); (5) liberação do espírito de juízo (pois “sempre que o evangelho é invocado para comprometer a dignidade de um filho de Deus, então é hora de se livrar desse tal evangelho para viver o verdadeiro”, p. 77); e (6) liberação do espírito de racismo e homofobia (pois, como diz Leon Tólstoi, “se as fantasias sexuais da pessoa comum fossem expostas, o mundo ficaria horrorizado”, p. 79). Manning insiste que “não somos a favor da vida simplesmente porque evitamos a morte” (p. 79). Por isso, “o caminho da ternura evita o fanatismo cego” (p. 80). Aliás, Manning deplora os embates entre conservadores e liberais, declarando que “nem a delicadeza liberal nem a truculência dos conservadores focam a questão da dignidade humana, sempre vestida com farrapos. Os filhos de Deus encontram uma terceira via. São guiados pela Palavra de Deus e apenas por ela” (p. 83). Para ele, a “religião restrita e separatista é um lugar isolado, um Éden coberto de mato, uma igreja na qual as pessoas vivem em uma alienação espiritual que as distancia de seus melhores talentos humanos” (p. 83).
No capítulo 5, “O fariseu e a criança” (p. 87-108), Manning defende a importância do sábado como memorial da criação e da aliança. Para ele, no entanto, a guarda do sábado foi deturpada por causa (1) do exílio babilônico e (2) da atuação dos fariseus (seu legalismo, sua ênfase em rituais visíveis; sua capacidade de transferir culpa; sua capacidade de condicionar a aceitação divina ao comportamento humano; sua susceptibilidade à espiritualidade terrorista; e suas duas falhas de relacionamento: adorar a si mesmos e desprezar as pessoas. Manning ainda nos lembra que “Jesus não morreu por obra de assaltantes, estupradores ou assassinos. Ele foi morto por pessoas profundamente religiosas, os membros mais respeitados da sociedade, que preferiram lavar as mãos” (p. 91). Para ele, “qualquer pessoa que tenha priorizado a lei, as regras e a tradição, e não o sofrimento dos outros, está na mesma situação dos fariseus” (p. 92). Manning defende o evangelho das crianças, pois estas (1) contrastam absolutamente com os fariseus; (2) expressam espontaneamente seus sentimentos; (3) têm semelhança íntima com Jesus; (4) resistem a métodos artificiais de espiritualização; (5) agem com indiferença aos estereótipos; e (6) não têm ambição. Por isso, Manning concorda com John Shea quando este afirma que “o natal não é um dia de ingenuidade e idealismo num ano de realismo incessante. É o dia da realidade num ano de ilusão. Ao acordar na manhã de natal, percebemos como andamos como sonâmbulos durante o resto do ano” (p. 104, n. 12). Apesar disso, Manning nos adverte que é preciso evitar as criancices.
O capítulo 6, “A atualidade da ressurreição” (p. 108-128), defende a importância da ressurreição para a teologia cristã: (1) como base da apologética; (2) como elemento distintivo do cristianismo; (3) como cerne da pregação evangélica; e (4) como sentido da vida. Segundo ele, a fé na ressurreição (1) não deve limitar a ressurreição ao passado ou ao futuro; (2) deve dar crédito ao “rumor dos anjos” (expressão usada por Peter Berger para descrever o toque de Deus em nossa vida); (3) deve contemplar a atualidade da ressurreição de Cristo como espírito vivificante (1 Co 15:45; 2 Co 3:17); (4) deve livrar-nos do pessimismo e do derrotismo (pois “naquilo que Shakespeare chamou de ‘o auge do sangue’, a vida parece ser mais ardente, os acontecimentos parecem ter mais significado, e a louca trama de cada dia parece conduzir a um propósito”, p. 120); (5) deve penetrar no mistério do mundo; (6) promove a integração da emoção com a razão, pois nos oferece a compreensão do verdadeiro milagre do evangelho e do impacto da oração; e (7) impulsiona o ministério. Manning cita a declaração de John McKenzie: “a espinha dorsal de nossa religião, quem sabe, talvez, de todas as religiões nesta geração confusa, é um punhado de obstinados numa casa de adoração quase vazia, que continua a fazer aquilo por força do trabalho; seja por hábito, lealdade, inércia, superstição, sentimentalismo ou, possivelmente, fé verdadeira” (p. 126). O autor conclui o capítulo com as três qualidades que considera essenciais para a sobrevivência do cristão em nossa época de “bombardeio da mídia, leitura superficial, conversas estéreis, oração mecânica e submissão aos sentidos” (p. 128): atenção (segundo Sócrates, “a vida desatenta não vale a pena”), consciência e disciplina. Com essas coisas será possível, inclusive, o resgate de nossa paixão.
O capítulo 7, “O resgate da paixão” (p. 129-146), abre com uma definição de paixão, tomada de Thomas Moore: “a energia essencial da paixão”. O autor ilustra a importância da paixão com a parábola do tesouro escondido e com a história de Leslie Robins, ganhador do maior prêmio pago pela loteria americana a um único apostador. Ao ser informado que ganhara 111 milhões de dólares, em 10-7-1993, Leslie tomou o avião para a Flórida a fim de reatar com Colleen DeVries, sua namorada de infância a quem jamais conseguira esquecer. Em seguida, o autor conta sua própria experiência de superação do alcoolismo e a história de um menino judeu chamado Mardoqueu que só foi curado de sua hiperatividade e desinteresse pelas coisas espirituais quando repousou a cabeça no peito do rabino de sua sinagoga e lhe ouviu o coração bater. Manning relaciona essa experiência ao relato bíblico da ceia (Jo 13:23-25). O autor conta, então, a história de um homem que sofria de câncer e aprendera a orar imaginando que Jesus ocupava a cadeira ao lado de sua cama. Ao falecer, recostou pacificamente a cabeça no assento da cadeira, reconhecendo a presença real de Jesus ali. Depois de meditar na experiência do apóstolo Pedro, Manning conclui o capítulo com a observação que “o resgate da paixão começa com a reavaliação do tesouro, continua quando permitimos ao Grande Rabino nos segurar perto de seu coração e culmina numa transformação pessoal para a qual nem estamos preparados” (p. 146).
O capítulo 8, “Determinação e fantasia” (p. 147-165), trata dos “relacionamentos controladores” os quais Manning identifica como sendo caracterizados pelo respeito às opiniões e pelo medo do ridículo que gera “uma mediocridade pavorosa”. Assim, o autor propõe que o cristão aja com independência (ou singularidade), mediante os seguintes princípios: (1) a paixão como determinação ferrenha; (2) o aprendizado que se transforma em amor; (3) a decisão corajosa de tomar decisões impopulares; (4) a dependência radical de Deus; (5) a profunda consciência da atualidade da ressurreição de Cristo; (6) a indiferença à opinião pública (isto é, a autonomia e a libertação da escravidão imposta pela aprovação humana); e (7) a primazia do “ser” sobre o “fazer”. Segundo Manning, o foco farisaico produz, com seus rituais infindáveis, a anulação da religião autêntica. Apesar da importância do “ser”, o autor nos lembra que o “fazer” é que nos define, pois (1) a teoria tem um lado sombrio; (2) o “ser” pode ser uma mera ilusão; e (3) Jesus nos legou um exemplo notável de serviço e ele opta por continuar servo mesmo no banquete escatológico (Lc 12:37). Em seguida, Manning expressa sua preocupação com o fascínio mórbido que o Apocalipse exerce sobre algumas pessoas e que gera um pânico alarmista baseado em eventos temporais (isto é, cada evento a história é interpretado pelos “relações públicas do Apocalipse” como sendo o cumprimento de alguma profecia). Por isso, o autor nos conclama a abandonar nossa “fantasia da invencibilidade”. Segundo ele, a consciência profunda da morte é rara entre os cristãos e, por essa razão, constitui o maior desafio à fé. Essa consciência produz, no entanto, uma drástica mudança de vida, pois o medo da morte é análogo ao medo da vida. Além disso, a negação da morte não é uma opção saudável. Só podemos receber alento, em relação a essa impossibilidade humana, a partir da consciência da ressurreição de Cristo.
O nono e último capítulo, “O pulsar do coração do Mestre” (p. 167-186), trata do ilimitado amor de Deus, que é reconhecido pelos autores contemporâneos e explicitado no evangelho de João. Esse amor provoca reações na pessoa comum, no diletante, no cínico e nos sinceros. Por isso, Manning evoca a declaração de Eugene Peterson, segundo a qual, “as Escrituras não existem para entreter. Nem para divertir. Nem para a cultura. Não são a chave que destranca segredos do futuro” (p. 169). O amor de Deus é, ainda, nossa fonte de perdão, mas requer nosso arrependimento em relação (1) aos pecados veniais, (2) à pecaminosidade humana, (3) ao maior pecado (que é perder o senso do pecado), (4) à essência do pecado (que é sermos autocentrados), e (5) à espiritualidade fingida. O amor de Deus é a base da obra de reconciliação de Cristo: (1) contra as amarras da hipocrisia; (2) para demonstrar que nada pode nos separar do amor de Deus; (3) para demonstrar que até o pecado pode se tornar uma bênção (quando encaramos nossa capacidade de fazer o mal e, pela graça, a convertemos em força construtiva); (4) para demonstrar que as feridas são necessárias; e (5) para demonstrar que a intimidade com Deus é essencial. Nesse contexto Manning relata a história do homem que vivia dentro de um contêiner, na Austrália, para fugir da vida. Quando o contêiner foi perfurado por balas, que também atingiram seu morador, orifícios se abriram pelos quais este podia observar a vida comum das pessoas ao seu redor. Isso o recuperou para a vida em sociedade: as feridas são, de fato, necessárias. Para Manning, se conseguirmos aceitar a Jesus como Mestre, então (1) desenvolveremos uma nova teologia sobre os judeus (segundo ele, “ser antissemita é cuspir no rosto de nosso Salvador judeu”, p. 182); (2) teremos uma experiência trinitária; (3) constataremos que não estamos sozinhos “na estrada de tijolos amarelos”; (4) teremos uma nova compreensão do discipulado; (5) constataremos que paixão significa sofrimento e (6) perceberemos a vulnerabilidade de Deus.
Manning conclui a obra com vislumbres do reconhecimento do que a tradição judaica chama de Kabod Yahweh, a “majestade esmagadora de Deus”. O resgate da paixão está intimamente ligado à perplexidade quanto à força esmagadora desse mistério. Segundo ele, “nós nos movemos do cenáculo, onde João deitou sua cabeça no peito de Jesus, para o livro do Apocalipse, em que o discípulo amado cai prostrado diante do Cordeiro de Deus” (p. 186).