quarta-feira, 28 de setembro de 2011


ENTRE O SUJEITO E O PREDICADO

Por Igor Miguel

Você já se perguntou porque uma árvore em condições naturais não morre de fome? Por que os pássaros não passam necessidade? Por que um cão não tem crise existencial e se suicída? A resposta não é tão simples, mas tem raízes profundas na ética monoteísta.

Segundo a ética monoteísta, cuja origem remonta o patriarca Abraão, o mundo e tudo que nele existe, existe por causa de leis que determinam relações corretas entre as coisas e os seres. Células sobrevivem por causa de leis químicas que estabelecem trocas com um conjunto de outras células e orgãos, em uma complexa rede de permutas e relações que a estabilizam e a equilibram.

A tendência dos fenômenos naturais e físicos ao eqüilíbrio, opera-se justamente por causa da complexidade de leis e regras relacionais inerentes às propriedades físicas da matéria, que quando operam umas com as outras, elaboram uma grande estrutura de permuta de forças e entropia, até que toda estrutura desfrute da estabilidade.

Uma pedra aparentemente estática, tem mais energia e fluxo de relações do que se pode imaginar, não é em vão que é necessária grande energia para tirá-la de sua estabilidade, por exemplo o uso da dinamite.

O que me impressiona é que esta estrutura legal que permeia os fenômenos naturais, origina-se da idéia monoteísta de um Deus que governa todas as coisas integralmente. Por ele ser um, todas as coisas tendem à unidade, à integridade e ao mutualismo. Diferente da tendência positivista de fragmentação da realidade em partes para chegar-se à compreensão do todo, no pensamento monoteísta, as partes interagem, formando uma grande unidade estrutural, pois é da natureza de um Deus criador e único, imprimir sua unidade na diversidade da criação. O monoteísmo reconcilia paradoxos, não é monista e nem dualista.

Incrível como a ciência ocidental, se devidamente analisada, esbarra em uma filosofia teísta que paradoxalmente explora a unidade da diversidade e a diversidade da unidade. Esse fluxo de parte para o todo e do todo para as partes, que manifesta o conceito de um Deus que criou com PALAVRAS.

Ele interpolou o verbo entre o sujeito e o predicado, animou o mundo pela palavra, deu movimento... No princípio era o verbo. Imprimiu regras gramaticais entre as coisas, e as coisas se relacionaram, as partes se conectaram, e tudo começou a pulsar por sua Palavra.

Os físicos estudaram palavras, os químicos estudaram palavras, a ciência estudou palavras, as leis que permeiam todas as coisas, o código, o DNA que ELE imprimiu em uma realidade que revela o que Ele é, e permite as pessoas experimentá-lo além do número, gênero e grau.

Voltando à pergunta inicial: Por que as plantas e os animais em seus habitat natural não sofrem das angústias dos homens? A resposta é só uma: O homem de alguma forma está fora de seu habitat, se rebelou contra as leis que determinam como ele deve se relacionar com as coisas, com o mundo que o cerca, com as outras pessoas e os animais. O homem é um ser anômico, anárquico e solto, uma alma penada deslocada da estrutura que o beneficia. Todos os seres o fazem por instinto natural, mas o homem não o faz por sua rebelião. Sua insistência em se manter por fora, baseado no suposto discurso de liberdade e autonomia, mandou-o para o cativeiro do vazio.

Só há uma forma desse homem voltar a existir que é colocar o verbo entre o sujeito e o predicado.

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