segunda-feira, 13 de junho de 2011

MENTIRA

“A origem da mentira está principalmente presente no complexo de inferioridade. Aquele que mente deseja a auto-afirmar-se, pois suas aspirações não correspondem à realidade que o rodeia, àquilo que ele verdadeiramente é ou quer ser. Aquele que mente não quer ver nem aceitar suas limitações para não sofrer. Oculta-se sob as asas da imaginação e na fantasia, construindo disfarces, e perde-se na convicção de sua inferioridade, não percebendo nem desenvolvendo as suas qualidades. A mentira assume diferentes graus. Pode ser leve, inconsequente, ou grave, caluniosa, com resultados desastrosos. Através da mentira, o indivíduo procura criar uma falsa imagem suscitadora de admiração, de valor. Entre casais, a mentira impede a evolução de um relacionamento sadio, produz o ressentimento e a desconfiança, condenando o amor a um fim prematuro. A mentira é uma fraqueza que pode ser evitada e superada. Há casos mais graves, em que a mentira é uma agressão moral, visando desvalorizar ou prejudicar intencionalmente outrem. A calúnia é a forma mais grave da mentira. Ela pode destruir o conceito e o crédito de uma pessoa de maneira leviana, de modo até irreversível. Na maioria das vezes, a parte atingida não tem condições para defender-se; sempre pairará uma dúvida, uma mancha.A calúnia é a arma do covarde; atinge a pessoa no seu íntimo, de modo torpe, cortando totalmente as possibilidades de defesa. Apesar das possibilidades de esclarecimentos, as dúvidas pode persistir para sempre, as explicações soarão como desculpas. Esse é o grande dano da calúnia: o estigma. O indivíduo que apresenta o complexo de inferioridade, não se aceita: quer que os outros o vejam de modo diferente. Para se auto-afirmar, usa a mentira com certa frequência e desenvoltura. Entretanto, a mentira o mantém ansioso. Porém, “a mentira tem pernas curtas” – e isso é muito verdadeiro.Observe o trabalho, a energia que o indivíduo despende para manter a mentira: evitar contradizer-se, lembrar-se de todos os detalhes e deduções lógicas que eles determinam, complementar a mentira com outras mentiras novas para encobrir possíveis falhas das anteriores, procurar desfazer as suspeitas, disfarçar o receio de ser desmascarado além de sentir-se mal, culpado por enganar pessoas. O mentiroso compulsório passa quase a não distinguir mais o real do imaginário, mentindo nas menores coisas. Corre o risco de transformar sua vida numa grande mentira. Mente habitualmente, caindo no ridículo, sem perceber a evidência dos fatos. Lutar contra essa tendência é o primeiro passo. É o despertar para a vida real, autêntica. Rompe-se o círculo vicioso da fraude e entra-se numa vida descomplicada, mais fácil, leve e suave. É sempre mais tranquilo vivenciar a verdade, seja ela qual for, do que despender energias alimentando mentiras. Nada justifica a forte tensão emocional que acompanha o mentiroso, tirando-lhe a paz. Na realidade, é impossível encontrar alguém que, por uma razão ou por outra, não haja mentido nunca durante toda sua vida. A mentira social, a “mentirinha” caridosa, inconsequente, ajuda a escapar de determinadas situações constrangedoras. Há quem chegue a justificá-las como um mal necessário em certas ocasiões. Somos seres humanos e, pela própria natureza, imperfeitos. Por isso, estamos sujeitos a recorrer à dissimulação quando os recursos escasseiam ou falham. Mesmo assim e apesar disso, deveríamos buscar sempre a sinceridade, a honestidade, como virtudes possíveis de serem cultivadas, porque a mentira difunde inquietação. O mentiroso é um indivíduo instável e infeliz; não está bem consigo mesmo, e não poderia ser de outra maneira, pois a criatura humana é, por sua própria natureza, sincera e autêntica. A mentira a desconcerta e lhe repugna, pois não se origina de Deus. E o mentiroso reconhece a sua própria imagem no embusteiro e no farsante.
Entretanto, abjurando a mentira, evitando a inclinação exibicionista, expressando com discrição seus sentimentos, ele alcançará a paz dentro de si mesmo e com o próximo.”

Shalom

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