segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Korban da Honra no ministério levítico

O ministério levítico é repleto de muitos ensinamentos. Não há como ler sobre os levitas na Bíblia e não ser impactado por tamanha responsabilidade com o Altar e todos os utensílios e serviços do Tabernáculo. Dentre esses serviços, havia um que quero destacar como especial. Falo da entrega e consagração das ofertas no Santuário. Com isso, vamos entender um pouco mais sobre Korban e o ministério levítico.


Existe uma visão distorcida sobre levitas em nossos dias. Usar o termo ‘levita’ não é uma ‘gíria gospel’, nem, como muitos dizem, uma tentativa de retorno ao Velho Testamento, muito menos, em um sentido ainda pior, ‘costurar o véu de separação do santo dos santos’. Não é nada disso! A Bíblia é um livro completo. Os chamados ‘pais da Igreja’ dividiram-na em dois momentos: Velho Testamento e Novo Testamento, ou ainda, Primeiro Testamento e Último Testamento. Não podemos falar do novo e esquecer o velho, do último e esquecer o primeiro, assim como não podemos anular ou apagar a história. Contudo, o essencial é que a Bíblia é um livro de PRINCÍPIOS. Falar sobre levitas, é falar de princípios espirituais que não podem ser esquecidos em nossos dias, dentre os quais um é destacado: SANTIDADE.

Os levitas não eram pessoas com uma vida folgada. Não eram ‘boêmios’. Não eram ídolos nem idolatrados, mas eram verdadeiros servos; trabalhadores do Templo. Cumpriam seus horários à risca e tudo o que faziam tinha uma direção: “Ao Eterno, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás” (Lucas 4:8; Mateus 4:10). Eram ofertas vivas para Adonai.

Quero falar sobre três palavras desse tema, pois já mencionei um pouco dos levitas. São elas: Ministério, Korban e Honra, assim entenderemos melhor o que tudo isso quer dizer em nossos dias. Sei que alguns, os chamados religiosos, logo se levantarão contra, sem ao menos se dar ao trabalho de ler ou ouvir sobre o assunto. Contudo, existem outros muitos sedentos em aprender mais e dedicar suas vidas a serviço do Reino de Deus.

1. Ministério

Ministério é o mesmo que serviço, ofício, missão. No grego, a palavra é leitourgia, isto é, liturgia. Usamos tanto essa palavra no nosso meio e, muitas vezes, nos esquecemos do verdadeiro significado. Ministério é serviço, é uma obrigação a cumprir, é um ritual, algo que fazemos continuamente. Há uma expressão hebraica que traduz bem o entendimento bíblico sobre serviço. A expressão é: Avodah Ha’shem. Avodah (serviço), e hashem (ao nosso Deus). Está ligado a Avodat Ha’shem e Ahavat Ha’shem, ou seja, a serviço de Deus por amor. Nosso entendimento de ‘obrigação’ é algo ligado à carga, peso. Entretanto, o entendimento bíblico sobre isso é: NUNCA PERDER O FOCO, o alvo. Para quem estamos fazendo? Ainda que mereça e necessite de todo o nosso esforço, não podemos perder o foco, ou seja, o nosso Deus. Tudo o que fazemos é para Ele. “... porque dEle e por Ele, e para Ele, são todas as coisas; glória, pois, a Ele eternamente. Amém.” (Romanos 11:36)

2. Korban

Korban é o foco central do que estamos aprendendo estes dias. Portanto, não vou explorar muito, mas apenas deixar uma linha básica sobre ela. Korban é uma palavra de origem hebraica e aramaica, chegando ao grego com a mesma transliteração, inclusive no português. É traduzida como: um dom oferecido; uma oferta dada; um tesouro para Deus; um tesouro sacro ou santo. Voltamos ao mesmo princípio: oferta, santidade, entrega, dom. Como seria bom que todos aqueles que ministram no Altar entendessem isso! Falar sobre Korban nos deixa sedentos por uma geração que entenda e viva os princípios ligados à essa palavra. Existem outros contextos de uso da palavra, mas quero apenas esclarecer, dentro do nosso tema, a ligação dessa palavra com o ministério levítico. Se Korban é dom, é oferta, é entrega, onde está essa entrega? Onde está essa oferta em nossos dias? Por que ainda nos deixamos ser seduzidos por coisas passageiras que não apontam para o céu? Dizemos que nosso alvo é Cristo, e até cantamos isso com tanta intrepidez, então por que não vemos o resultado disso? Quero que você medite sobre o assunto, pois tenho me perguntado: Onde está a Igreja de Cristo, do Mashiach, a Igreja do Ungido? Empolgamo-nos com a bênção de Deus e nos esquecemos do Deus da bênção. Alegramo-nos com os feitos de Deus e nos esquecemos do Deus que faz, que Ele opera milagres.

3. Honra

Originalmente, em hebraico é kabowd ou kabod. Kabod significa honra, glória, riqueza, esplendor, dignidade, reverência. Alegra-me saber que estamos aprendendo mais sobre honra. De fato, tudo o que fazemos está ligado direta ou indiretamente ao princípio da honra. Honra é uma semente e, ao ser plantada, certamente produzirá frutos que trarão grandes benefícios para todos nós.

Porém, preciso dizer que desonra também é uma semente e seus resultados não são animadores. Para mim, um dos episódios mais tristes registrados na Palavra de Deus fala sobre desonra. Em I Samuel 4:12-22 é relatado o momento em que o Sumo Sacerdote Eli desonra a Deus por não manter sua casa no princípio da santidade, tendo seus filhos fora dos ensinos da Torah. Israel perde a batalha para os filisteus, mas o pior é o que vem como consequência da desonra. Morrem os filhos Hofni e Finéias, o Sumo Sacerdote Eli, um levita, filho de Ithamar, e também sua nora que, entra em trabalho de parto, não resiste e morre, e seu filho recebe o nome de Ikabowd, que quer dizer: a glória de Deus se foi; a honra de Deus se foi de Israel.

Ao ler esse texto, vem-me um profundo temor. Creio que não existe coisa pior do que ser honrado por Deus, sair do propósito e, como consequência, ser desonrado e morrer. O que isso quer dizer? Podemos ser escolhidos por Deus, ministrar debaixo de Sua autoridade, unção, mas se sairmos do princípio da HONRA A DEUS, podemos colher Ikabowd, e saber que a glória de Deus se foi da nossa vida, do nosso ministério, da nossa Igreja; podemos colher a morte ministerial, a morte dos sonhos que um dia foram tão vivos, mas que, por desonra a Deus, podem ser exterminados.

O Korban da honra no ministério levítico é uma chamada à reflexão dos princípios que regem esse ministério tão lindo, tão honrado, tão apaixonante, mas que, se não for observado com responsabilidade, pode facilmente ser destruído. É hora de sair da meninice, da imaturidade, da carnalidade que rege o coração de muitos, e seguir em direção ao verdadeiro propósito da nossa vida e chamada vocacional: AO ETERNO TEU DEUS ADORARÁS E SÓ A ELE SERVIRÁS. Que Sua misericórdia que não tem fim nos cubra, e nosso coração se volte, cem por cento, para o Deus Altíssimo.
Ap. Gilmar e Pra. Ana Márcia Britto
Líderes de Louvor
MIR – Manaus/AM

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